O grande desafio é não falhar com quem depende do Centro Comunitário.

Testemunhos da equipa da linha da frente

A pandemia do COVID-19 que surgiu sem manual de instruções, obriga a múltiplos procedimentos diários, sem permitir esquecimentos e com a agravante de não haver tempo para grandes preparações e por outro lado exige adaptações diárias.
Esta nova situação trouxe à tona o melhor de nós, o nosso lado mais humano. Trabalhamos para uma causa única e essa união dá-nos força e ninguém vai abaixo. Existe uma grande preocupação em melhorar as tarefas do dia anterior, fazendo sempre melhor. É muito reconfortante sentir que o colega ao nosso lado está sempre atento e disponível para o que for preciso.
Momentos de motivação e reforço do sentido de equipa estão presentes nas rotinas diárias mesmo que nem todos se apercebam.

Os dias vão passando, são longos e todos nós já realizamos tarefas que nunca tínhamos feito. Nesta fase, existe disponibilidade para tudo apenas com uma preocupação – o que há para fazer é para ser feito – e esta tem sido uma das maiores aprendizagens e tem contribuído de forma crucial para um excelente trabalho em equipa.

O apoio aos seniores, que todos os dias visitamos, tem sido a grande motivação. O sorriso com que nos recebem quando abrem a porta, aquele olhar e tentação de um abraço, se fosse possível. Muitos deles só nos conhecem pela voz, entre mascara, viseira, batas, luvas é o que se destaca e surgem sempre as mesmas perguntas:
– Que dia da semana é hoje? Normalmente tentam que a semana tenha mais um dia.
– Amanhã vêm novamente? Não tenho dúvidas de que a nossa visita é o conforto no seu dia a dia, com a forte mensagem de que não estão sozinhos e podem contar com o Centro.

Os vizinhos abordam-nos com palavras de incentivo, “o vosso trabalho é muito importante, fantástico, coragem, obrigado”, e alguns até se oferecem como voluntários.

No regresso das rotas de distribuição das refeições, todos temos histórias novas para contar e por vezes grandes preocupações.

Nunca pensei que conseguisse fixar tantos nomes, moradas e as necessidades de cada utente. Mas quando isso é o nosso foco, tudo é possível.
O maior desafio é não falhar com quem depende dos serviços do Centro Comunitário.

No Armazém da Mercearia do Centro as tarefas são múltiplas: rececionar e armazenar os produtos alimentares, da melhor forma possível, com todo o cuidado para que nada se estrague ou desperdice. Isto é crucial, num momento em que aumenta, a cada dia, o número de famílias a precisar do apoio do Centro para terem comida na sua mesa.

No regresso a casa é comum a todos, um cansaço estranho e diferente …não sabemos explicar, mas à noite ele aparece …
E, assim terminam os dias com sentido de MISSÃO CUMPRIDA.

(Alberto Cordas – manutenção e coordenação de operações no terreno)